Chocolate. Amargo.

Minha vida é feita de contrastes, em um dia eu estou decidida a seguir uma dieta rigorosa e não comer nenhum doce, no outro eu entro desesperada em uma Lojas Americanas para comprar minha segunda barra de chocolate do dia, com o dinheiro que uso da condução arriscando não poder ir trabalhar no meu emprego novo, enfim arriscando tudo, e logo depois do descontrole como penitência ou purificação, à noite comerei apenas bolachas de água e sal com duas xícaras de café, no dia seguinte possivelmente estarei mais controlada e mais uma vez idealizando o dia perfeito em que me sinta satisfeita com apenas duas refeições de comida por dia, essa perfeição não existe, eu não aprendi a lidar com meus desejos impertinentes, eu sempre idealizei a vida ideal no qual essa impertinência não existiria, desejar, esse verbo parece tão atraente e inofensivo ou no máximo sensual e voluptuoso, seria algo assim, não fosse o que você deseja algo inconveniente e extremo.
É engraçado, dia após dia, o controle e o descontrole andam lado a lado dentro da mesma pessoa e por fora,  quem me vê tudo parece normal, é tão contrastante que eu mal guardo sensações de cada momento, cada momento é único e quando se acaba ele morre, é como se fosse outras vidas, ou diversos eus, é um descontrole que na hora tudo vale a pena e o depois não importa... E na hora parece que é isso que faz minha vida valer a pena, é uma compulsão, momentânea, digamos que no momento eu perco meu equílibrio, não aprendi a refutar meus desejos proibidos.
Eu não quero ter uma doença, ou um rótulo e um frasco com uma tarja vermelha ou preta, apenas digo isso para expor como me sinto, o amanhã eu já não sei...
Até meu próximo desejo arrebatador...


                                                      Gabriela Batista Coutinho 10/05/2012