Dores-Gabriela B. Coutinho

Dores,

Não sei se choro pelas minhas, ora choro pelas suas,

São tão parecidas,

Que, ora choro pelas duas.

Lágrimas, não sei se são as minhas ou as suas,

Ora, são tão parecidas,

Oras são tão juntas,

Que as que derramo, não sei se minhas, não sei se suas.

Elas descem brancas,

Pálidas como a Lua

Numa face triste,

Não sei se minha, não sei se sua.

Ora, me olho no espelho,

Vejo a face moribunda,

Que as tristes lágrimas besuntam,

Ora, não sei se a face é minha,

Ora, não sei se a face é sua,

Misturam-se os seres,

Misturam-se as Luas,

Misturam-se as lágrimas,

Ora, também misturam-se as dores,

Ora, a dor fenece o peito,

Por maldições de nossos amores,

Ora, esvaindo-se, está a vida,

Pobre,suja,decadente e dolorida,

Ora, não sei se a vida que está se esvaindo,

É minha ou sua,

Por que o que dói em você,

Em mim também dói,

Quisera eu, solução para o mal que corrói,

Minhas entranhas,

Ora,penso ser minha,

Ora, penso ser sua,

Pra mim já diferença não faz,

O que realmente lhe apraz?

Ora, olhos os interesse,

E as sombras nas ruas?

Ora, sabe se lá minhas,

Sabe se lá suas,

O tempo se passa,

Leva as dores,

Leva as flores

E seus amores.

Já não me lembro da adolescência,

Lembranças não há de dores,

Tão pouco de amores,

Nem lembro com quem as dividia,

Sou sem passado,

Ora sou sem futuro,

Nem história tenho,

Esquecida estou de mim mesma...

Ora, passo por uma lápide,

Há uma face, ora calma,

Ora, estupefata por terem tirado lhe a vida,

Ninguém vê, mas eu vejo,

Ela chora,

Quisera eu salvá-la,

O silêncio se aproxima,

Nada mais me vêm à mente,

Espere, agora lembro,

Olhe está foto pálida e deprimida,

Ora, me lembro,

Não sei se minha,

Ora não sei se sua.

22/05/08