Coisas e mais coisas, pois o que nessa vida não é nada além de coisas...

Paro e olho para trás,

O que eu fui nestes dias,

Além de um nada,

Profundo e intrigante,

Perigoso e alarmante,

Será que eu fui eu,

Ou só fui o que os outros me viam,

Me pergunto se ao menos fui feliz,

E se tudo valeu a pena,

A nitída sensação que eu tenho

É que fui arrastada pelos dias,

Num transe,

Que nada senti,

Nada fui, nada vi,

Se ao menos amei, o que amei então

Poderia eu, ver algo que não tivesse sido em vão,

Se ainda me pergunto

O que faço aqui,

Sei que não serei respondida,

Pois sei que fui arrastada

Até a beira do cais

Onde os perigos não afugentam mais,

Agora, sou apenas uma garotinha

Perdida num terra estranha,

Com medo de si mesma.

Será que eu vendi minha alma?

E eu te pergunto,

Será que eu vendi minha alma?

Qual o preço dela?

Será que foi barata?

Será que foi cara?

Ou será que eu não deveria ter vendido?

O que eu ganhei?

O que eu perdi?

Aquele vazio;

O que antes estava ali?

Me olho no espelho, não me conheço;

O que fiz de mim,

Ou foi as circunstâncias?

Por um prato de arroz?

Por um cobertor?

Ou por uns gramas de cocaína?

Eu não sei,

Estou só,

Sem pai, nem mãe

E sem eu ao menos,

Para me estabilizar,

Sei que estou perdida,

Sou um anjo decadente,

Perdi minha honra,

Na última jogada

E também não ganhei nada em troca,

Mas o que eu tinha a perder?

Não,

Eu não tenho nada a perder,

Pois um dia eu vou morrer,

Sim, eu dizia isso

Eu não tenho nada a perder,

Pois um dia eu vou morrer,

Mas o que eu não sabia  era  que a morte chegava tão tarde,

Eu apenas me perdi,

Tarde demais,

E agora.

Sou arrastada por entre os dias...

                                         A Coisificação do ser, Gabriela B. Coutinho, São Paulo  27/09/08